Horário gratuito eleitoral deveria ser substituído por debates ao vivo, com a mediação da Justiça

Artigo do editor do blog, neste domingo, 27, no jornal "Gazeta do Oeste", Mossoró, RN.
Coluna – Opinião – Por Ney Lopes
"A partir de 19 de agosto a campanha eleitoral "pegará fogo" em todo o Brasil.
Será o início dos horários eleitorais gratuitos, no rádio e na TV.
Antecipam-se duas certezas, confirmadas historicamente desde 1965, quando foram criados no Código Eleitoral.
A primeira, o esbanjamento de dinheiro (regra geral pago através do "caixa dois") na montagem de verdadeiras televisões para produzirem as inserções dos candidatos, com a ajuda de batalhões de assessores, bem remunerados.
"Promessas" e o "colorido" de Hollywood, acompanhados de sonoras trilhas musicais de fazer inveja a Lloyd Webber, encantam os olhos do eleitor, como forma de atrair o voto na urna.
A segunda certeza é a ausência de propostas, mensagens, informações que assegurem a mínima segurança ao cidadão, de que não estará votando em mais um "trapalhão".
Os marqueteiros, que se autointitulam "infalíveis conhecedores" da opinião pública, consideram monotonia e "chatice" o candidato na tela apenas dizer o que pretende fazer, sem produção antecipada.
Tudo ao vivo.
Preferem, é claro, as produções milionárias!
Nos 24 anos que passei na Câmara dos Deputados, sempre defendi radical transformação na formatação do horário eleitoral gratuito.
Apresentei várias propostas, no sentido de que esse espaço fosse usado exclusivamente para debates, com grupos pré-selecionados de candidatos pré selecionados pela justiça eleitoral, sentados numa mesa, em processo de rodízio, ao lado de mediador idôneo, apresentando à opinião pública o que pretendem fazer com o mandato e, sobretudo, deixando claro "como fazer" e de "onde viria o dinheiro" para concretizar as promessas e mudanças.
Tal procedimento permitiria ao eleitor separar "o joio do trigo".
É totalmente justificável maior eficácia e transparência do horário gratuito, como forma de modernizar o processo eleitoral brasileiro, inclusive pelo fato desse espaço ser pago pelo contribuinte às TVs e rádios.
Atualmente, a propaganda eleitoral gratuita é um dos cancros que solapam as eleições nacionais.
No mercado persa pré-eleição, à luz do meio-dia, ela é um dos "trunfos" usados pelos partidos políticos, que alugam legenda, manipulam o Fundo partidário e traem os próprios filiados (como foi o caso do DEM no Rio Grande do Norte, em junho passado).
As mais paradoxais alianças são formadas, em troca de minutos nas TVs e rádios, que se transformam em "moeda de troca".
Esse tipo de crime acontece, sem que a Polícia possa intervir, por ser garantido em lei. Incrível!
Nos Estados Unidos observam-se situações curiosas: não há propaganda gratuita; tudo é pago.
Também inexiste Justiça Eleitoral.
Porém, os Super PACs -comitês formalmente desvinculados de partidos políticos – são autorizados a fazerem denuncias contra os candidatos, inclusive acerca do acesso deles no rádio e na TV.
A "Federal Election Commission" acompanha de doações voluntárias de contribuintes e de entidades privadas às campanhas.
Seria um bom começo, se na eleição de 2016 os candidatos a prefeito e vereadores usassem o horário gratuito para debater as suas propostas e dizer como concretizá-las
O país deseja o debate político honesto, ao invés de fantasias e espetáculos milionários de marketing nocivo e prejudicial à nossa democracia”.

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