Por meio de uma videoconferência via internet na noite desta
terça-feira (20), no evento chamado 'Stand with Lula' ('Apoie Lula', em
português), o ex-presidente Lula reafirmou sua indignação com a
"parcialidade" de "algumas pessoas do Ministério Público e da Polícia
Federal" na denúncia apresentada e aceita pelo juiz Sérgio Moro,
responsável pela condução dos processos no âmbito da Operação Lava
Jato.
Lula disse também que tudo gira em torno do "medo" de que ele seja
candidato a presidente da República em 2018, e que o objetivo da
denúncia é inviabilizá-lo na possível disputa.
"O que está acontecendo no Brasil não me abala. Apenas me motiva a
andar muito mais, a falar muito mais, a gritar muito mais. 'Ah, o
problema é o Lula não voltar em 2018'. O problema é esse? Poderiam me
perguntar se eu queria voltar em 2018. A verdade é essa. Eles sabem que
embora eu não tenha diploma universitário, eu sei fazer mais do que
eles. E tem uma coisa que eu sei fazer, que é sentir o coração do povo
pobre, do povo trabalhador", disse o ex-presidente.
"Não poso aceitar em hipótese alguma que pessoas irresponsáveis
venham dizer que eu sou responsável por uma quadrilha. Eu sou
responsável pela criação do mais importante partido de esquerda da
América Latina, sou responsável pela maior política de inclusão social
da América Latina, sou responsável por fazer o Brasil ser respeitado nos
Estados Unidos, na Europa e na América Latina, sou responsável por
transformar a Petrobras na segunda maior empresa de petróleo do mundo.
Se por isso eu tiver de ser condenado, não tem problema. Posso ser
condenado. Mas o que eu quero é seriedade no tratamento à minha pessoa, à
minha família e aos meus amigos", afirmou o ex-presidente.
Lula denunciou na conferência aos EUA que "o Brasil vive um momento
muito grave de anomalia política. Aqui no Brasil as coisas estão
funcionando de forma tão absurda, que dois dias após o impeachment da
presidenta Dilma ser votado no Senado, eles mudaram a lei que foi a
razão pela cassação da Dilma para garantir que os próximos presidentes
possam fazer o que eles acham que foi crime cometido pela Dilma".
"Não posso aceitar de forma nenhuma o que está acontecendo no Brasil
neste ano. No Brasil neste instante, o que menos importa é a verdade. O
que mais importa é a construção da versão. Eu conto uma versão, essa
versão se torna manchete de jornal, a manchete de jornal é manipulada
para a televisão. E aí a pessoa, independentemente de ser inocente,
passa a ser condenada pela opinião pública".
Campanha
A campanha Stand with Lula foi apresentada por Sharan Burrow,
secretária-geral da ITUC/CSI, entidade que representa 180 milhões de
trabalhadores sindicalizados de 162 países. Segundo ela, o objetivo da
mobilização é defender Lula de abusos judiciais no Brasil e denunciar os
"poderosos interesses" que tentam impedir sua livre atuação política.
"O sistema judiciário brasileiro está agora em evidência, pois
interesses corporativos poderosos tentam usá-lo para atacar Lula, o
Partido dos Trabalhadores, além do seu gigantesco legado de mais de uma
década de avanços sociais e econômicos. Nós apoiamos Lula e nos opomos
veementemente ao mau uso do poder Judiciário para persegui-lo", afirmou
Burrow.
Assista à conferência no vídeo abaixo:
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