Temer promete pacote, mas não sabe o que fazer

Marcelo Camargo/Agência Brasil 
Em entrevista concedida a Jorge Bastos Moreno (leia aqui), Michel Temer admitiu que as forças que apoiam estão insatisfeitas com a sua incapacidade de apresentar resultados na economia e prometeu um pacote de "dez medidas" a ser apresentado nos próximos dias.
Temer, no entanto, não adiantou nenhuma delas, nem falou sobre seu diagnóstico sobre a crise, revelando não ter a mais vaga ideia do que fazer para retirar o País do atoleiro em que se encontra.
A entrevista serviu apenas para demonstrar como seus aliados estão impacientes.
"O que tem havido, e isso não posso negar, são ponderações no sentido de que o governo, pelo curto espaço que tem, não pode esperar de braços cruzados a retomada do crescimento econômico, prevista somente para o segundo semestre do próximo ano. Concordo, mas aviso: essa tem sido também uma preocupação constante não só minha, mas principalmente do ministro da Fazenda", disse ele, que voltou a negar a saída de Henrique Meirelles. "Falar em troca de ministro da Fazenda agora não é um desserviço apenas ao governo, mas ao país. Por isso, quero desfazer de forma contundente, categórica, todas as iniciativas danosas nesse sentido."
Cuidar da padaria
Temer falou ter sido cobrado por aliados a apresentar medidas pró-crescimento.
"Realmente recebi no meu gabinete os senadores Tasso Jereissati, José Aníbal (PSDB-RO), Armando Monteiro (PTB-PE) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Eles pediram medidas que possam impulsionar o crescimento, alegando que não dá mais para esperar até o segundo semestre. Gravei bem uma expressão do senador José Aníbal de que 'cabe ao dono cuidar da padaria'".
A "padaria" de Temer quebrou, no entanto, em razão da aliança forjada para levá-lo ao poder.
No fim de 2014, quando a presidente deposta Dilma Rousseff se reelegeu, o Brasil ainda vivia uma situação de "pleno emprego". Em 2015, a queda na arrecadação federal poderia ser combatida com aumentos pontuais de impostos. No entanto, PMDB e PSDB se aliaram para travar o Congresso e levar adiante a política do "quanto pior, melhor", criando as condições para a sua derrubada.
O resultado é uma queda de 10 pontos no PIB, empresas e famílias endividadas, demanda anêmica e uma crise fiscal muito maior, em razão da queda da atividade econômica. Em resumo, o golpe quebrou o Brasil.
Meirelles, por sua vez, prometeu confiança, mas não cumpriu.

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