247 - Em sua delação premiada, o empresário Lúcio
Bolonha Funaro afirmou que o grupo político formado por presidente
Michel Temer e pelos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves recebeu
cerca de R$ 250 milhões em propinas decorrentes de créditos da Caixa
Econômica Federal, repassados pelas vice-presidências de Pessoa Jurídica
e Fundos de Governo e Loterias. As duas áreas foram controladas pelo
PMDB e comandadas por Geddel Vieira Lima e Fábio Cleto. Operador
financeiro do partido, Funaro disse que Cunha funcionava como um "banco
de propina" para deputados e, depois, virava o "dono" dos mandatos de
quem era beneficiado.
O doleiro afirmou não saber exatamente o valor da propina
repassada a Cunha, “mas sabe que este sempre distribuía parte da propina
recebida com Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, fora outros
deputados aliados”.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo na Caixa
entre 2011 e 2014. Segundo Funaro, apenas na área de Geddel o grupo
liberou entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões para empresas em troca de
vantagens. Um valor igual ou superior a este teria sido liberado pelo
setor comandado por Cleto. Funaro disse que Geddel recebeu, sozinho, no
mínimo R$ 20 milhões e continuou a operar mesmo depois de deixar o
cargo, até fevereiro de 2015.
Para o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista,
relatou Funaro, foram liberados cerca de R$ 3,04 bilhões em troca de
propinas. Foram R$ 1,35 bilhão para a holding J&F e o restante para
empresas do grupo — R$ 200 milhões para a Vigor, R$ 250 milhões para a
Flora e R$ 300 milhões em crédito para exportação para a Eldorado, além
de R$ 940 milhões de debêntures adquiridas.
As informações são de reportagem de Cleide Carvalho e Gustavo Schmitt em O Globo.
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