Eduardo Maretti, da RBA -
A deputada estadual pelo PCdoB no Rio Grande do Sul Manuela D'Ávila
considera que com sua pré-candidatura à presidência da República a
esquerda não se divide, e sim amplia seu leque de alternativas. "Estamos
unidos na ideia de construir saídas para a crise, e defendemos a
unidade da esquerda", disse, durante bate-papo via redes sociais nesta
quinta-feira (22).
"Nossa ideia programática é baseada em duas questões.
Primeira, é relacionada à retomada no crescimento econômico do Brasil. A
eleição de 2018 é fundamental para que o Brasil saia da crise. Além
disso, é necessária uma frente ampla. Essa frente é muito mais do que
uma frente entre partidos. É uma frente com a sociedade, com os setores
empresariais, com os que podem ser parceiros nessa retomada do
crescimento."
Embora se coloque como candidata, Manuela alertou para o
fato de que as eleições de 2018 estão ameaçadas. "Tem uma turma
aprontando uma continuidade do golpe, discutindo parlamentarismo. O
ministro Alexandre de Moraes, aquele indicado pelo Temer, está
construindo um debate sobre parlamentarismo que será a continuidade do
golpe."
Segundo informação da coluna "Painel", do jornal Folha de
S.Paulo, do último domingo (19), o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal, propôs a inclusão, na pauta de julgamentos da
corte, de uma ação que discute se o Congresso pode ou não mudar o
sistema de governo, independentemente de a população já ter decidido
sobre isso no plebiscito de 1993. A ação que Moraes quer desengavetar
está no tribunal desde 1997, segundo a Folha.
No bate-papo, Manuela D'Ávila respondeu questões dos
internautas sobre temas como educação, reforma trabalhista, segurança
pública e economia. "O golpe continua e está se aprofundando. A reforma
trabalhista é uma prova disso." Ela defendeu um referendo revogatório
para anular a reforma. "A população não discutiu. Durante a eleição de
2014, ninguém votou num projeto que retirava direitos dos trabalhadores,
que colocava mulher grávida a trabalhar em ambiente insalubre."
Segundo ela, as mulheres ganham hoje 30% menos do que os
homens e "são as mais expostas à crise econômica em função da diminuição
do Estado", política do atual governo. "A política educacional numa
sociedade machista como a nossa também tem relação com a emancipação das
mulheres", afirmou.
Ódio e segurança pública
Em uma fala de pouco mais de 18 minutos, a deputada foi
questionada sobre se sua campanha será agressiva, para responder os
grupos que disseminam o ódio, e declarou que será propositiva.
"Precisamos debater saídas da crise. Se ficarmos com as bandeiras de
ódio, não vamos debater o que o povo precisa. A tática de organizar o
ódio e fazer com que as candidaturas se posicionem a partir de pautas
que nos separam não nos ajuda", pontuou. "Essa turma que organiza o
ódio, que faz com que o medo seja um agente central na politica, não tem
propostas para tirar o Brasil da crise. O que essa turma pensa sobre
economia? Não sabem. O que pensam sobre desenvolvimento e retomada da
indústria? Não têm propostas."
Ao comentar o tema segurança pública, sem mencionar o nome,
falou do também pré-candidato e deputado federal Jair Bolsonaro
(PSC-RJ), que defende colocar armas nas mãos da população. "Qual é a
proposta que o outro tem para a segurança pública? Nenhuma, a não ser a
ideia de que todo mundo tem que se armar para se defender." Segundo ela,
um candidato à presidência "tem que saber o que vai fazer para garantir
que as pessoas vivam em paz".
Manuela considera o centro de sua proposta para segurança
púbica construir um pacto "pela paz" entre governo federal, governadores
e prefeitos das principais cidades. Defende ainda a "remuneração justa e
a valorização dos policiais militares", além da reconstrução da
legitimidade desses policiais a partir da fiscalização de seu trabalho.
"Temos cinco ministérios na área da defesa, sejam os vinculados às
forças (armadas), seja o gabinete de segurança institucional, mas não
temos uma estrutura central de comando e de diálogo com os estados sobre
segurança pública."
Educação
Disse que a educação "é central na construção do
desenvolvimento da retomada do crescimento" e que universidades e
escolas técnicas "têm que estar sintonizadas com um projeto de
desenvolvimento". "(Leonel) Brizola já abordava a educação como
principal ferramenta da diminuição da desigualdade social."
Perguntada sobre a escola sem partido, afirmou que, "na
verdade, é a escola de um partido único, daqueles que querem que as
nossas crianças tenham apenas a sua ideologia, é uma escola com
mordaça".
Também questionada por um internauta sobre qual sua "visão" a
respeito das drogas, disse: "Minha visão é que o brasil perde 40 mil
jovens por ano na guerra (às drogas). Partilho da ideia do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, que acredita que precisamos salvar esses
jovens", disse, referindo-se à defesa da descriminalização do uso como
um dos pontos e partida para se enfrentar o narcotráfico.
Ela lembrou que a atual política de combate às drogas tem
sacrificado sobretudo jovens negros no país e que as drogas prejudiciais
não são apenas as ilícitas. "O Brasil fala pouco do papel das drogas
lícitas, como é o caso do álcool, na construção de situações de
violência."
Sobre economia, Manuela criticou o chamado "tripé
macroeconômico". "Como um câmbio que não favorece a indústria nacional
pode ser bom para o povo? Como uma taxa de juros que quebra a indústria
pode ser boa pro povo?" Ela disse ainda que as políticas sociais que
estão sendo desmontadas pelo governo "vão ser reconstruídas ou mantidas,
porque esse governo golpista tem desconstruído conquistas importantes.
Mas é preciso saídas novas", ressalvou.
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